quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Vamos nos livrar da gripe?
O micro-organismo que provoca a doença vive se modificando para infectar o homem e, muitas vezes, acerta em cheio. Diante das preocupações que um novo tipo do vírus desperta, SAÚDE! revela o que os cientistas têm feito para nos proteger dessa recorrente ameaça
Ele habitava a face da Terra muito antes dos primeiros hominídeos. Como um Davi às avessas, pode ter contribuído para dizimar os dinossauros. E, de tempos em tempos, logo após uma transformação ou outra, assusta e gripa uma boa parcela da população. A versão da vez atende pelo nome de vírus A (H1N1), já infectou milhares no planeta e semeou o temor de uma pandemia.
Enquanto as autoridades e os médicos tomam providências para conter o avanço da doença apelidada de gripe suína, os cientistas não medem esforços para descobrir meios de derrotar todas as facetas do influenza, o micro-organismo camaleônico que causa febre e até mortes. Mas a pergunta que não quer calar é: vamos um dia ficar livres para sempre do intruso?
“Esse vírus é muito instável e trafega entre diversas espécies animais. Por isso, sempre está sujeito a mutações que o tornam irreconhecível ao corpo humano”, explica o virologista Edison Durigon, da Universidade de São Paulo. O desafio é encontrar um jeito de construir uma muralha dentro do organismo. Nessa busca, pesquisadores americanos, por exemplo, quebram a cabeça para viabilizar uma vacina universal, capaz de barrar o mutante a despeito dos seus disfarces.
Mas a principal estratégia, defendem os especialistas, é jamais tirar os olhos do baderneiro microscópico. Em outras palavras, sustentar uma rede de vigilância planetária que não cochila. “Não adianta ter os laboratórios mais capacitados do mundo se esse controle é inadequado”, diz a virologista Terezinha Maria de Paiva, do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Em entrevista exclusiva, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, concorda e acrescenta: “Quando surge um vírus novo, nenhum epidemiologista pode dar chute”, opina. “Ouvi gente dizendo que a infecção pelo A (H1N1) seria igual à de 1918, que começou devagar e, depois, matou milhões. Outros apostaram em voz alta que essa gripe iria desaparecer. Puro chute. Quem acertou? Ora, cientistas sabem muito bem que só depois de seis a oito meses é que alguém terá bases mínimas para responder a essa e a outras perguntas, como: será que o vírus mudará e que todos os esforços para uma vacina foram em vão? Será que ficará mais forte? Será que ficará mais fraco?”, diz.
O influenza é uma velha ameaça à humanidade. E não estamos falando somente dos grandes surtos capazes de matar milhões de pessoas, como na gripe espanhola do início do século 20. O próprio vírus da gripe comum — ou sazonal, como preferem os médicos — também troca de roupa frequentemente para se esquivar do nosso sistema imune. Daí por que a vacina é renovada anualmente. Por mais que o microorganismo ainda consiga encontrar brechas para atacar, o imunizante é o jeito mais seguro de prevenir estragos — sobretudo aos organismos mais frágeis. Por isso, é recomendado a crianças, idosos e indivíduos de risco, como portadores de câncer ou HIV.
por Diogo Sponchiato, Lúcia Helena de Oliveira e Paula Desgualdo
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